Salvem o Porro, porra! Parte III
Novas imagens e informações sobre o povoado Neolítico do Porro (Évora) e o seu processo de destruição, actualmente em curso, a "bulldozer e dinamite", na pedreira do Monte das Flores.
O afloramento do Porro. A poucas dezenas de metros encontra-se a nova frente de trabalhos da pedreira, daqui, apenas visível pela "barreira de terra" que se lhe adianta.
Aspecto da paisagem, poucas dezenas de metros mais abaixo...
Estractos arqueológicos em corte. Apesar das terras terem sido removidas daqui e o piso aplanado até ao filão geológico (para facilitar as futuras dinamitações), foi possível identificar inúmeros fragmentos de cerâmica manual nos cortes e nas pequenas bolsas de terra, espalhadas por toda a área, que aguardam ainda o transporte para a enorme "montanha", já referida.
A grande maioria dos materiais arqueológicos removidos durante este processo, devem encontrar-se neste caos estratigráfico que se acumula em pirâmide, escassas dezenas de metros para poente, perto do pequeno núcleo de arte rupestre do afloramento do Porro (provavelmente sob a forma de estratigrafia invertida, uma vez que as terras presentes na superfície deste monte são terras de geológico: as ultimas a serem removidas e aqui depositadas).
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Felismente, no lado NW do corte, não parece haver estruturas ou estratigrafias conservadas (apesar de, também aí, existirem materiais) e, tudo indica que se está ainda na periferia do povoado; no entanto, se estiver efectivamente previsto ampliar a área da pedreira, neste sector,é provável que se atinjam áreas com informação arqueológica mais densa, a avaliar pela parte SE do corte.
Uma acção de limpeza e rectificação do corte é, sem dúvida, a primeira operação a desencadear para, com base nela, se poder avaliar melhor a situação.
O forte ravinamento visível nas fotos do Mário impede a leitura da estratigrafia (é possível, como o Mário sugeriu, que alguns dos ocos que se formaram correspondam a estruturas negativas.
Quanto ao tom voluntarioso do Mário - com algum apoio do Rui - só lhe fica bem: é a combatividade do "sangue novo" e o património agradece. Porém, talvez a situação não seja tão dramática e se salvem alguns anéis (círculos?), mesmo que os dedos tenham que ir à vida.
De facto, o Porro é um monumento muito peculiar, no contexto regional: as gravuras, raríssimas na região e a associação das mesmas a um monumento natural, justificam, a todo o custo, a sua preservação. Quanto ao povoado, convinha estudar, por amostragem que fosse, a informação arqueológica a sacrificar... como tem sido costume, com uma ou outra excepção...
Já agora, uma história picaresca sobre o Porro (contou-ma o Xico Bilou):
quando foi inaugurado o comboio para Évora,terá vindo a rainha D. Amélia fazer a cerimónia. Antes de Évora, tinha sido criado o apeadeiro do Monte do Porro.
Quando aí chegou a comitiva, a Rainha, desagradada com o nome do apeadeiro e, porque era Primavera, sugeriu que se passase a designá-lo como Monte das Flores.
Como, de facto, ainda hoje se chama. O Monte que subsiste perto do afloramento, chama-se, ainda, no entanto, Monte do Porro...