Novos dados, novos problemas

Menir 2 das Lajes (Évora)


Localização do menir na CMP 1: 25000


Localização do menir no ortofotomapa


O menir na posição em que foi descoberto


Dando a volta ao menir...


O monólito depois de virado


Desenho do menir 2 das Lajes


Foi descoberto (Mário Carvalho) um novo monumento, nos arredores de Évora (Monte das Lajes).
Trata-se de um monólito, com cerca de 1, 70 m de comprimento, por 0, 43 m de diâmeto máximo, com uma "cintura", em baixo relevo, com cerca de 0, 10 m de largura, separando duas partes, de comprimento mais ou menos equivalente, em que a metade inferior apresenta uma forma de prisma quadrangular e a superior uma forma tronco-cónica.
O monólito apresenta vários sulcos de arado e vestígios de ter sido deslocado, em época recente, para junto de dois pequenos afloramentos graníticos.
Na região, conhecem-se apenas dois outros exemplares semelhantes (compostos por uma parte cónica e outra prismática), mas apenas neste, agora descoberto, existe, de forma clara, a referida "cintura". Dos outros, o melhor conhecido, o menir 1 do Monte das Flores, está actualmente implantado em frente ao palacete do Monte das Flores; o segundo, inédito, foi localizado por Francisco Bilou.

Este achado levanta algumas dificuldades, em termos interpretativos: pode tratar-se de um menir pré-histórico - como foi proposto, há alguns anos, por Jorge Oliveira e Panagiotis Sarantopoulos (Oliveira e Sarantopoulos, 1994), a propósito do menir 1 do Monte das Flores.
Pode, em alternativa, tratar-se de um marco miliário romano ou, ainda, de um marco de propriedade, eventualmente medieval.
Em qualquer dos casos, seria sempre um exemplar relativamente anómalo.
De facto, estes exemplares apresentam,
á primeira vista, algumas semelhanças com certos marcos miliários, em que se destaca uma base, de feitura tosca, que se destinava a ser enterrada, e em que apenas a parte superior era trabalhada com algum esmero; no caso das Lajes 2 e do menir 2 do Monte das Flores, as "bases" foram cuidadosamente trabalhadas, sob a forma de prismas de secções quadradas; este aspecto e as dimensões relativas das respectivas "bases", implicam que as mesmas não se destinavam a ser enterradas, mas sim a ficar bem visíveis acima do solo.
Por outro lado, é muito raro os marcos miliários assumirem formas tronco-cónicas. Neste caso concreto (Lajes 2), acrescenta-se ainda o facto de o local não se integrar, aparentemente, em nenhuma das vias até agora identificadas e estudadas por Francisco Bilou, nos arredores de Évora.

Outra alternativa foi entretanto avançada, com base em algumas semelhanças com a necrópole da Idade do Ferro do Monte da Tera (Pavia), que tem vindo a ser escavada, nos últimos anos.
Destaca-se, de entre essas analogias, a forma igualmente esguia dos menires da Tera e o facto de, nas imediações do local de onde são provenientes os "menires" do Monte das Flores, terem sido identificados vestígios de uma possível necrópole da Idade do Ferro.

Temos, portanto, um novo monumento a acrescentar ao património megalítico (em sentido amplo, pelo menos) de Évora e, de caminho, mais um problema a resolver...

Ver Menires do Alentejo Central, vol 2 , p. 72-75; 94-95.


Manuel Calado, Mário Carvalho, Francisco Bilou

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