Almendres: memórias e paisagens

A conferência da Arq.ª Andrea Morgenstern, na sede do Grupo Pró-Évora, teve a sala cheia e contou com a presença de numerosas individualidades e instituições responsáveis pelo património eborense.
A proposta apresentada pela conferencista, como resultado de um trabalho académico numa Universidade berlinense, teve excelente acolhimento, por parte dos participantes, tendo sido destacados, durante o debate, vários aspectos estruturantes, nomeadamente:

1. A relação intrínseca do monumento com a paisagem e a necessidade de manter e organizar essa relação, em particular com o contexto paisagístico imediato.
2. A necessidade urgente de afastar o estacionamento do monumento.
3. A vantagem de evitar a construção de um Centro Intrepretativo, como estrutura pesada e a preferência por uma intervenção leve, que poderíamos definir como Percurso Interpretativo.
4. Os materiais propostos (madeira e aços) e as respectivas referências simbólicas.
5. A excelente articulação com a investigação recente sobre o monumento (orientações astronómicas e topográficas, a relação com o povoado neolítico a jusante do recinto, a referência à sedentarização, a valorização do percurso como forma de abordagem fenomenológica)
6. A abertura dos discursos interpretativos e o modelo interactivo proposto.

A única objecção à proposta, feita pelo proprietário da Herdade, Sr. João Rufino, foi no sentido de uma notável peocupação ambiental, questionando a proposta da conferencista sobre a oportunidade do corte de sobreiros, no lado ocidental do recinto (o topo do cabeço); essa solução teria, segundo Andrea Morgenstern, o objectivo de a recuperar a ligação visual entre os menires e o horizonte ocidental (e os alinhamentos com o pôr do Sol e da Lua).
Ainda quanto às intervenções do proprietário (e da sua equipa) retemos algumas ideias fundamentais, no que diz respeito ao futuro do recinto megalítico:

1. Não haverá alterações da paisagem, na área envolvente do monumento
2. Não haverá corte de sobreiros
3. Não haverá interferência visual entre o recinto e o horizonte oriental; as construções previstas ocuparão apenas a scotas baixas da Herdade, não sendo visíveis a partir do recinto
4. Há interesse na dignificação do monumento, nomeadamente afastando o parque de estacionamento e organizando a respectiva vistitabilidade.
5. A equipa conta com 2 arqueólogos, sensibilizados para a importância do recinto dos Almendres no âmbito do megalitismo europeu.

Registamos naturalmente com muito agrado a presença do proprietário, cujo projecto foi, aliás, elogiado pela Arqª Paisagista Margarida Cancela de Abreu, no que diz respeito às respectivas preocupações ambientais.
Como modelo de intervenção urbanística, numa área de forte presença megalítica, foi ainda referido, pela sra. Arqª, o Projecto da Herdade do Barrocal, junto a Monsaraz.

Foi, finalmente, chamada a atenção para a vantagem de, através da escolha adequada do tipo de iluminação, se preservar a escuridão do céu nocturno, uma vez que as relações astronómicas do monumento dos Almendres o tornam um local propício para este tipo de observações.

Os GEMA agradece, em nome do património megalítico regional, o empenho do Grupo Pró-Évora, na pessoa do Dr. Celestino David, e, sobretudo, do Dr. António Carlos Silva (Arqueoólogo do IPPAR e morador nos arredores dos Almendres) que foi, efectivamente, o organizador da conferência.






Imagem dos Almendres, de José Manuel Rodrigues, plantas e alçados de Pedro Alvim

Comments

Renato said…
Que pena não ter podido estar lá...

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