Regresso aos Almendres


Evidências da erosão em torno dos menires




Menir 56

O eclipse total de ontem foi um pretexto para regressar hoje aos Almendres.


As limpezas da vegetação, nos arredores do recinto, criaram condições razoáveis de visibilidade do solo, em termos de prospecção arqueológica. Numa revisão rápida, foram identificados vestígios pré-históricos, no topo do cabeço (fragmento de mó manual, percutores, núcleo e lasca de sílex e fragmentos de cerâmica).

Novos achados avulsos (pedra polida, sílex e cerâmica) num raio 700 m, para Sul-Sudeste.

Uma observação atenta de alguns menires gravados, com boas condições de luz, permitiu verificar, com clareza, que as faces decoradas que alguns autores acharam que tinham sido artificialmente aplanadas, são efectivamentornoe faces naturais. Esse aspecto é particularmente visível no menir 56, em que as gravuras apresentam uma litologia diferenciada do campo rebaixado.

Já agora, um apelo à boa vontade das instituições responsáveis: a erosão do solo nos Almendres, como resultado do pisoteamento dos visitantes, atingiu limites intoleráveis.


Bastaria, parece-nos, algumas carradas de inertes, de preferência, terras semelhantes às dos Almendres, eventualmente recolhidas nas imediações (por exemplo, na encosta Oeste) e compactada por meios mecânicos adequados...





E o estacionamento retirado de cima do monumento, já agora.

Comments

ACS said…
Caro Manuel Calado

Há um excelente estudo elaborado há dois anos pelo LNEC (equipa do Delgado Rodrigues) por proposta da DRE (na sequência de alertas do IPA)identificando e propondo medidas concretas sobretudo no que respeita à erosão do solo e à degradação dos menires... Claro que era preciso dinheiro para pôr em prática as recomendações, dinheiro que não existe nem para os monumentos afectos ao IPPAR quanto mais para os "privados" ...Por outro lado, no que respeita à disciplina do estacionamento, sugeri através da Junta de Freguesia e da Câmara, que fosse negociada a cedência por parte do proprietário (compensada por diminuição da área vedada a Poente do Cromeleque) de um espaço junto ao cruzamento da Boa Fé, para criar o Parque de estacionamento e de retorno das viaturas... Mas os contactos com o proprietário estão cada vez mais difíceis porque neste momento ele joga com os seus projectos turístico(urbanísticos?) para a Herdade e, obviamente, aposta na "chantagem" velada.
Já agora a propósito de outro "spot" que vi algures sobre a Anta G.do Zambujeiro. A estrutura que "barra" o acesso ao corredor, está lá porque no âmbito do tal estudo do LNEC (que envolveu também a AGZ)nos foi afirmado que a estrutura ameaçava ruína eminente com os riscos que isso implicava para eventuais turistas incautos. Ainda que sem certezas sobre quem seria eventualmente responsabilizado em caso de acidente, achámos melhor rapar uns últimos "tostões" do orçamento e lá mandar colocar o inestético escoramento, não fosse o Diabo tec~e-las.
Cumprimentos
António Carlos Silva
Manuel Calado said…
Creio que toda a gente concorda com o "afastamento" do estacionamento e, claramente, essa solução tem que passar pelos proprietários. Pessoalmente, já tive oportunidade de experimentar a falta de abertura dos mesmos...
Quanto à erosão, desonheço a solução do LNEC, mas acredito que a simples reposição do solo seria uma boa solução provisória e relativamente acessível. A verdade é que a erosão significa, neste caso, perda de informação arqueológica: cada vez que lá vou, nos últimos anos, tenho recolhido sílex (lascas e lamelas), nas valas de ravinamwnto.

Cumprimentos

Manuel Calado

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