Aspectos biologicos da experiencia religiosa
A importância singular weberiana dos actores religiosos, é salientada por Pierre Bourdieu, para quem Weber teria dado uma ‘contribuição decisiva’, nos seus escritos sobre religião, para uma teoria dos sistemas simbólicos, ‘ao reintroduzir os agentes especializados e os seus interesses específicos’.
Se a teoria ética da teologia, por um lado, não interessa a Weber, institui todavia este factor de diferenciação: a ‘qualificação religiosa desigual dos homens’, ou seja, a desigual aptidão dos indivíduos para acederem aos bens de salvação supremos que as religiões prometem. Esta desigualdade é, para Weber, um ‘facto de experiencia’ que determina, desde logo, a instalação de um duplo regime da acção religiosa: uma ‘religiosidade de virtuosos’ e uma ‘religiosidade de massas’.
Esta dicotomia entre uma religiosidade de ‘virtuosos’ ou de ‘heróis’ e a de ‘massa’, que não tem ‘ouvido musical’ para a religião, tem vindo a ser confirmada, nos últimos anos, por estudos sobre as endorfinas, analgésicos criados e libertados pelo cérebro e pertencentes à família de químicos conhecidos como opióides (ópio e morfina).
Segundo Robin Dunbar, professsor de Psicologia Evolucionária da Universidade de Liverpool, os aspectos biológicos da experiência religiosa só emergiram na última década. As práticas religiosas, refere Dunbar, ‘parecem ter sido concebidas para nos darem aquele ímpeto dos opióides que nos faz sentir muito mais capazes de lidar com os caprichos do mundo. Mas pode também acontecer que a produção de endorfinas asssociada a essas páticas estimule o sistema imunitário para uma maior actividade, assim protegendo directamente o corpo contra doenças e lesões.
Esses efeitos opióides não passam de um prémio de consolação para as massas. Os verdadeiros versados têm benefícios ainda mais profundos a obter’ (Dunbar, R. 2006, A História do Homem, Quetzal Editores, Lisboa). Estes, como ferere o autor, conseguem mesmo, graças à capacidade de auto-induzir um afluxo de endorfinas, provocar a carência de oxigénio no cérebro, o que neles gera a sensação de uma libertação extática (...) e de terem a mente a flutuar acima do corpo.
Adaptado da Apresentação de Rafael Gomes Filipe em ‘Sociologia das Religiões’ de Max Weber
Se a teoria ética da teologia, por um lado, não interessa a Weber, institui todavia este factor de diferenciação: a ‘qualificação religiosa desigual dos homens’, ou seja, a desigual aptidão dos indivíduos para acederem aos bens de salvação supremos que as religiões prometem. Esta desigualdade é, para Weber, um ‘facto de experiencia’ que determina, desde logo, a instalação de um duplo regime da acção religiosa: uma ‘religiosidade de virtuosos’ e uma ‘religiosidade de massas’.
Esta dicotomia entre uma religiosidade de ‘virtuosos’ ou de ‘heróis’ e a de ‘massa’, que não tem ‘ouvido musical’ para a religião, tem vindo a ser confirmada, nos últimos anos, por estudos sobre as endorfinas, analgésicos criados e libertados pelo cérebro e pertencentes à família de químicos conhecidos como opióides (ópio e morfina).
Segundo Robin Dunbar, professsor de Psicologia Evolucionária da Universidade de Liverpool, os aspectos biológicos da experiência religiosa só emergiram na última década. As práticas religiosas, refere Dunbar, ‘parecem ter sido concebidas para nos darem aquele ímpeto dos opióides que nos faz sentir muito mais capazes de lidar com os caprichos do mundo. Mas pode também acontecer que a produção de endorfinas asssociada a essas páticas estimule o sistema imunitário para uma maior actividade, assim protegendo directamente o corpo contra doenças e lesões.
Esses efeitos opióides não passam de um prémio de consolação para as massas. Os verdadeiros versados têm benefícios ainda mais profundos a obter’ (Dunbar, R. 2006, A História do Homem, Quetzal Editores, Lisboa). Estes, como ferere o autor, conseguem mesmo, graças à capacidade de auto-induzir um afluxo de endorfinas, provocar a carência de oxigénio no cérebro, o que neles gera a sensação de uma libertação extática (...) e de terem a mente a flutuar acima do corpo.
Adaptado da Apresentação de Rafael Gomes Filipe em ‘Sociologia das Religiões’ de Max Weber
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Proponho algumas referências bibliográficas neste sentido (existem sem duvida versões em português):
DURKHEIM, E. (1993): Las formas elementales de la vida religiosa, Alianza Editorial,
Madrid.
HARRIS, M. (1990): Antropología Cultural, Alianza Editorial, Madrid.
MAUSS, M. (2004 [1902-]): Sociologie et Anthropologie (recueil de travaux de Marcel Mauss), PUF-Quadrige, Paris.
VAN GENNEP, A. (2006 [1909]) : Les rites de passage, Ed. Picard.
Podemos ver, no entanto, as propostas de Robin Dunbar como algo a ser considerado no contexto do controlo social e ideológico, mas não como ponto de partida. As suas investigações são a situar, no meu ponto de vista, na linha dos trabalhos de arqueólogos como A. Watson e P. Devereaux, que estudaram as particularidades e efeitos sobre as pessoas da ressonância dos monumentos megalíticos do Neolítico. Estas são as referências bibliográficas:
DEVEREUX, P. y JAHN, R.G. (1996): “Preliminary investigations and cognitive
considerations of the acoustical resonances of selected archaeological sites”, Antiquity,
70, pp. 665-666.
WATSON, A. y KEATING, D. (1999): “Architecture and sound: an acoustic analysis
of megalithic monuments in prehistoric Britain”, Antiquity, 73 (280), pp. 325-336.
O tema é muito interessante e acho que um foro de discussão é essencial para a compreensão arqueológica da religião nos seus aspectos social, económico e (como no caso de Dunbar ou Devereux-Watson) medico-fisiologico.
Elias Lopez-Romero.