Muita Gente, Poucos Menires



Ao ver o mapa de Mora (em www.crookscape.org ver Mora Pavia 2006, semana 6), pergunto: não falta qualquer coisa?

Temos neolítico antigo/médio, temos sepulturas proto-megalíticas, temos um recinto, temos uma espectacular indústria micro-laminar, então onde estão os menires? Que cenários podem ser projectados sobre estes dados?

A transição estuários-interior, fenómeno balizador de uma neolitização regional, está intimamente associada às paisagens por onde os menires são mais frequentes. É mesmo coincidente.

Então Mora, na rota mais evidente entre o estuário do Tejo e a região Centro Alentejana, deveria dar corpo a uma paisagem de menires.

Comments

Manuel Calado said…
Pois é, Rafael, pois é.
Mas...
Há o recinto, mas com dois menires associados: na legenda, estes foram "incluidos" no recinto.
E há os menires de Brotas, poucos, mas razoáveis.
E há o menir da Caeira, que não está assim tão longe e o da Gonçala, este perto do Raia...
E há aquele (ou os restos dele) que tu descobriste junto ao Furadouro.
E, em paisagens de areia, quantos terão ido à vida? eram atéria-prima apetecível.
E estamos lá para descobrir mais, essa é que é essa.
Exacto.
Da minha parte e, apenas por uma questão de simpatia, inclino-me a pensar ter sido a região alvo de um esquema, um tanto inédito, de reunião de menires, conceptualmente dispersos.
Acredito que um primeiro recinto possa ter surgido exactamente desta ideia - reunir antigos menires num novo modelo. E a área de Mora, na rota para o alentejo central, é simultâneamente uma etapa no processo de apropriação/domesticação da paisagem, onde se criam e reinventam as coisas.
Pedro Alvim said…
Sim, na área específica do mapa não abundam os menires.
A densidade de povoamento Neolítico antigo/médio, e a própria presença das Fontaínhas, numa associação muito peculiar com esse povoamento, deixam no ar essa questão...
Em acordo com o Manel, o sentimento que tive este ano, naquelas paisagens de areia, é a de que se tivessem existido mais menires, eles teriam ido embora, quase de livre vontade, tal não é a escassez de pedra nesta raia entre o terciário e o Maciço antigo.
Huuummm...
Mas então desapareciam os menires isolados e ficava o recinto, logo onde havia mais pedra?
É uma hipótese, mas vamos descartar todas as outras.
Pedro Alvim said…
Na área escavada nas Fontaínhas desapareceu, pelo menos, um menir.
Do resto não sabemos porque não foi escavado; a leste do recinto podem (devem) ter existido mais menires, que já não estão lá...
A sobrevivência do conjunto pode ainda, a meu ver, dever-se a dois factores:
1) os menires que sobreviveram, no recinto, estavam inclinados, o que torna bastante mais difícil a sua remoção;
2) o recinto, e os menires 7 e 8, estão perto de um caminho bastante utilizado; levar pedras da beira da estrada não costuma parecer muito bem.
No entanto, a tua observação é bastante pertinente. Ficam as questões :-)
Manuel Calado said…
Na verdade, a hipótese é de manter, embora comprová-la, só por milagre.
Mas também há a questão de fundo que é a da relação de contemporaneidade entre menires e recintos. Em geral, e consciente que os dados são escorregadios e que pode haver dinâmicas diferentes, nas diversas áreas, tendo a pensar alguns menires como "emanações" dos recintos. Em contrapartida, os recintos poderiam ter sido construídos em torno de um grande menir isolado - eventualmente, os menires "centrais". Mas, acho menos provável que os recintos de Évora tenham sido a reunião de menires isolados, porque os mais pequenos não parecem ter estatuto para isso: estes, julgo que só se justificam por integrarem um conjunto; sozinhos, não parecem fazer muito sentido.

Enfim, está tudo por definir no que diz respeito às sequênciasdos diferentes tipos de realidades meníricas.
Por enqundto, todas estas hipóteses são de manter...

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